Quem viveu os primeiros festivais da cultura irituiense certamente tem bastante viva a riqueza de atrações locais que se apresentavam nos palcos de madeira montados na velha praça Getúlio Vargas, atual Alírio Almeida de Moraes. Ali desfilavam os pássaros de todo tipo, os bois, com destaque para o do saudoso Pacuchico, as quadrilhas, o Jabuti Piscando (um hábil senhor que tocava uns três ou quatro instrumentos, ao mesmo tempo), além das disputadas gincanas culturais, onde as juventudes (as daqui e as que vinham passar férias) participavam maciçamente. Havia também o tradicional show de calouros e a feira da pechincha. Tudo feito com e para o povo irituiense; nos orgulhávamos disso.
Mas o tempo mudou. O que antes tinha a intenção de entreter nossa população, de divulgar nossos talentos, hoje virou atração para turista ver. Shows pirotécnicos, bandas nacionais, festas de aparelhagem, tudo isso substituiu nossas tradições, nossa história, e passamos de atores principais a coadjuvantes, meros espectadores de um evento que há anos vem perdendo completamente seu sentido. Não somos contra que venham atrações de fora, até achamos válido para o enriquecimento de nossa própria cultura, mas que seja em outras oportunidades. O festival é irituiense e deve ter a obrigação de ser feito por irituienses, já que talentos há de sobra por aqui, falta sim, e isso é inegável, melhores condições para que essas pessoas desempenhem suas aptidões, mas nada que não se resolva com políticas públicas adequadas e a boa vontade de nossos governantes.
Ainda estamos a mais de dois meses do festival, tempo suficiente para se pensar nisso.
Público? Isso se reconquista com o tempo, pois qualidade independe de local e não há quem não admire um bom espetáculo, principalmente quando nos identificamos com ele.
Abaixo, um exemplo do papel inclusivo da cultura popular. Vale a pena assistir.
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